Anita Malfatti
Anitta realizou sua primeira exposição individual, em 1914, aqui no Brasil. Em seguida, foi para os Estados Unidos onde estudou com Homer Boss, com a liberdade de pintar o que desejasse, livre de imposições.
Foi esse período que marcou a fase mais brilhante de sua criação. Anita produziu telas como O homem amarelo, Mulher de cabelos verdes, O Japonês, ainda hoje tidas entre suas melhores obras.
A maneira como ela percebia a arte veio “desarrumar” o que era aceito. Para ela, porém, não era somente o que era belo que existia. O feio fazia parte da realidade e era por ela retratado em sua arte. Era a expressão que se fazia presente porque era assim que Anita percebia a arte. Suas pinturas – modernas – tinham, portanto, motivos para causar desaprovação.
Em 1917, Anita fez outra exposição, muito importante porque foi considerada a semente do modernismo. "Foi ela, foram os seus quadros, que nos deram uma primeira consciência de revolta e de coletividade em luta pela modernização das artes brasileiras" disse o escritor Mário de Andrade, outro expoente do modernismo brasileiro.
No entanto, o editor e autor Monteiro Lobato, em artigo publicado no jornal "O Estado de S.Paulo", criticou a mostra, esperando atingir seu alvo principal, os modernistas, como Di Cavalcanti, companheiros da pintora. Ela recebeu mal a crítica. Entrou em depressão e parou de pintar. Um ano depois, decidida a ser mais convencional, foi tomar aulas de natureza-morta com Pedro Alexandrino Borges, e se tornou amiga da pintora Tarsila do Amaral.
Os trabalhos de Anita foram exibidos na Semana de Arte Moderna de 1922 e em outras exposições, onde foi premiada e consagrada.
A pintora teve um amigo, confidente, sua paixão platônica de toda uma vida: Mario de Andrade. Ao que tudo indica, Mario sabia do amor de Anita, mas os dois nunca falaram sobre isso. Ele morreu, solteiro, em 1945. No décimo aniversário da morte do escritor, ela escreveu-lhe uma carta:
"Tenho medo de ter desapontado a você. Quando se espera tanto de um amigo, este fica assustado, pois sabe que nós mesmos, nada podemos fazer e ficamos querendo, querendo ser grandes artistas e tristes de ficarmos aquém da expectativa."
Principais obras de Anita Malfatti:
A boba, As margaridas de Mário, A Estudante Russa, O homem das sete cores, Nu Cubista, O homem amarelo, A Chinesa, Arvoredo, Interior de Mônaco...
A boba, As margaridas de Mário, A Estudante Russa, O homem das sete cores, Nu Cubista, O homem amarelo, A Chinesa, Arvoredo, Interior de Mônaco...
A boba. |
Tarsila do Amaral
Em 1922, formando o "Grupo dos Cinco", junto com Anita Malfatti, Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia. Este grupo foi o mais importante da Semana de Arte Moderna de 1922.
Em 1923, retornou para a Europa e teve contatos com vários artistas e escritores ligados ao movimento modernista europeu. Entre as décadas de 1920 e 1930, pintou suas obras de maior importância e que fizeram grande sucesso no mundo das artes. Entre as obras desta fase, podemos citar as mais conhecidas: Abaporu e Operários.
No final da década de 1920, Tarsila criou os movimentos Pau-Brasil e Antropofágico. Entre as propostas desta fase, Tarsila defendia que os artistas brasileiros deveriam conhecer bem a arte europeia, porém deveriam criar uma estética brasileira, apenas inspirada nos movimentos europeus.
É característico de suas obras o uso de cores vivas, a influência do cubismo (uso de formas geométricas), a abordagem de temas sociais, cotidianos e paisagens do Brasil e a estética fora do padrão (influência do surrealismo na fase antropofágica).
O abaporu. |
Operários. |
Mário de Andrade
Um dos criadores do modernismo no Brasil. Junto com Oswald e outros intelectuais, Mário ajudou a preparar a Semana de Arte Moderna de 1922. No segundo dia de espetáculos, durante o intervalo, em pé na escadaria do Teatro Municipal, leu algumas páginas de seu livro de ensaios "A Escrava Que Não É Isaura". O público, despreparado para a ousadia, reagiu com vaias.
Em 1917 conhece Anita Malfatti e Oswald de Andrade, tornando-se amigos inseparáveis. Ainda nesse ano com o pseudônimo de Mário Sobral, publica seu primeiro livro "Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema", no qual critica a matança produzida na Primeira Guerra Mundial.
No Primeiro Tempo do Modernismo (1922-1930) a lei era se libertar do modismo europeu, procurar uma linguagem nacional e promover a integração entre o homem brasileiro e sua terra. 1922 foi um ano importantíssimo para Mário de Andrade. Além da Semana de Arte Moderna, foi nomeado professor catedrático do Conservatório de Música. Publicou "Pauliceia Desvairada", onde reuniu seus primeiros poemas modernistas. Integrou o grupo fundador da revista Klaxon, que servia de divulgação para o movimento modernista.
Mário de Andrade fez várias viagens pelo Brasil, com o objetivo de estudar a cultura de cada região. Visitou cidades históricas de Minas, passou pelo Norte e Nordeste, recolhendo informações como festas populares, lendas, ritmos, canções, modinhas, etc. Todas essas pesquisas lhe renderam obras como "Macunaíma", "Clã do Jabuti" e "Ensaio sobre a Música Brasileira".
Em "Clã do Jabuti", Mário mostra a importância que dá à pesquisa do folclore brasileiro, tendência que atingirá seu ponto alto no romance "Macunaíma", no qual recria mitos e lendas indígenas para traçar um painel do processo civilizatório brasileiro:
"No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma".
Na musicologia, seu "Ensaio Sobre a Música Brasileira" influenciou nossos maiores compositores contemporâneos, nomes como Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone, Lorenzo Fernández, Camargo Guarnieri.
O primeiro livro mostra a preocupação do autor em denunciar as desigualdades sociais. O segundo se constitui de textos esparsos (reunidos em publicação póstuma), mas traz os contos mais importantes, como "Peru de Natal" e "Frederico Paciência".
Sua obra poética foi reunida e publicada postumamente em "Poesias Completas".
Manuel Bandeira
Os temais mais comum na obra de Manuel Bandeira é marcada pela experiência da doença e do isolamento advindo dela, são, entre outros, a paixão pela vida, a morte, o amor e o erotismo, a solidão, a angústia existencial, o cotidiano e a infância.
Sua obra é um rico testemunho da poesia brasileira do século XX, pois engloba criações que vão de um pós- Parnasianismo e de um pós-Simbolismo. Poemas com influências pós-simbolistas: A cinza das horas e Carnaval. O ritmo dissoluto é uma obra de transição e Libertinagem é uma obra de plena maturidade modernista.
Entre as inúmeras contribuições deixadas pela poesia de Manuel, duas se destacam: o seu papel decisivo na solidificação da poesia de orientação modernista, com todas as suas implicações (verso livre, língua coloquial. irreverência, liberdade criadora...), e o alargamento da lírica nacional pela sua capacidade de extrair poesia das coisas aparentemente banais do cotidiano
Os sapos
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
Um comentário:
Pessoal, corrige o Cabeçalho (Oswald de AndradE, ESTE blog, Vera CEZAR)
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